É um planeta que nunca nasceu. O cinturão é um conjunto de milhões de pedregulhos espaciais que giram em torno do Sol, entre as órbitas de Marte e Júpiter. O curioso é que todos os planetas se formaram a partir de cinturões assim. Há 4,6 bilhões de anos, tudo o que existe aqui na Terra estava em pedrinhas que vagavam numa faixa do sistema solar, do mesmo jeito que o cinturão de hoje. A diferença é que essas pedras foram se aglutinando, atraídas uma pela gravidade da outra. E se juntaram até formar uma bela “pedrona” que hoje chamamos de Terra. Mas, se isso aconteceu com todos os planetas, por que sobrou um cinturão de asteróides? Por causa de um cabo-de-guerra entre a enorme gravidade de Júpiter, maior planeta do sistema, e a do Sol.
Tudo o que hoje forma o sistema solar veio de uma nuvem de poeira. A gravidade fez com que ela se condensasse na forma de um disco há 4,6 bilhões de anos. No meio estava a bola de matéria que viria a se tornar o Sol. Cerca de 98% da massa desse disco era formada por hidrogênio e hélio, os átomos mais leves e comuns do Universo.
No centro do disco, a matéria ficou tão apertada que os átomos começaram a se fundir. Essa fusão nuclear "ligou" o Sol, criando uma fonte de energia que empurrou a maior parte dos leves átomos de hidrogênio e hélio para longe. Estes então se aglutinaram para formar Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Como esses elementos eram abundantes, tais planetas ficaram enormes.
Boa parte dos átomos pesados, como o ferro e o oxigênio, ficaram perto do Sol, atraídos pela gravidade da estrela. Eles se aglutinaram, formando pedrinhas. A gravidade das pedras maiores atraía as menores. Então as rochas cresceram até virar asteróides. E eles também se juntaram, tornando-se Mercúrio, Vênus, Terra e Marte - os planetas rochosos, menores e mais densos que Júpiter & Cia.
Cada uma das "faixas" do disco que originou o sistema solar acabou ocupada por um planeta, menos uma: entre Marte e Júpiter. Ela ficou cheia de asteróides que não puderam se juntar para formar um astro grande. É que eles são puxados tanto pela gravidade descomunal de Júpiter quanto pela do Sol. Em meio a essa disputa de titãs, a gravidade dos asteróides não bastou para uni-los.
A chave é a seguinte: quanto mais massa tem um astro, maior sua gravidade, seu poder de atração sobre as coisas que estão próximas dele. "Como os asteróides ficam no meio do caminho entre Júpiter e o Sol, o planeta os atrai para um lado e a estrela para outro a gravidade das rochas não é suficiente para vencer essas forças, e elas não conseguem se aglutinar", diz o astrônomo Roberto Dias da Costa, da Universidade de São Paulo (USP). Na origem do sistema solar, o vapor d’água que estava onde hoje fica Júpiter encontrou uma temperatura baixa o suficiente para virar gelo. Como a quantidade de gelo era, e ainda é, bem maior que a de outros elementos sólidos no espaço, aquilo que viria a ser o maior planeta do sistema solar logo ganhou um núcleo. Este, por sua vez, forneceu gravidade para o astro crescer rápido demais, até ficar com uma massa 318 vezes maior que a da Terra. Com um gigante desses por perto, ficou impossível o cinturão de asteróides se transformar em um planeta. Júpiter chegou a engolir boa parte dos pedregulhos que orbitavam essa região. Tanto que, se as rochas espaciais restantes no cinturão se juntassem, formariam um planeta com metade do tamanho da Lua.
Curiosidade:
A maior parte dos asteróides que formam o cinturão é do tamanho de pedregulhos, com poucos metros de diâmetro. Mas alguns são respeitáveis: 16 têm mais de 240 quilômetros de diâmetro. O maior é Ceres, com 700 quilômetros . Se fosse trazido para a Terra, ele cobriria a distância entre São Paulo e Florianópolis!
Fonte: Mundo Estranho
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