Ao longo do século 20, físicos eminentes ignoraram as previsões matemáticas e se recusaram a acreditar que eles pudessem existir. Um deles foi o próprio Albert Einstein (1879-1955) – embora sua Teoria da Relatividade Geral aceitasse a possibilidade da existência dos buracos negros.
Mas uma pessoa anteviu os buracos negros de forma notável em pleno século 18, muito antes do nascimento de Einstein.
Usando apenas leis newtonianas, um sacerdote britânico pouco conhecido chamado John Michell (1724-1793) antecipou a existência desses estranhos objetos astronômicos, de forma significativa e surpreendente.
A antevisão dos buracos negros
No mesmo ano da carta de Cavendish, Michell publicou um estudo contendo uma hipótese que, embora sua aceitação na ciência viesse a ter vida mais curta, talvez tenha sido sua percepção mais brilhante.
Usando princípios newtonianos, o estudo começa explicando como seria possível determinar a densidade das estrelas observando a forma em que sua gravidade afeta outros corpos próximos, como a órbita de outras estrelas ou cometas. Em seguida, Michell discute como o comportamento da luz poderia ser empregado para fins similares.
"Vamos supor que as partículas de luz sejam atraídas da mesma forma que todos os outros corpos com os quais estamos acostumados", escreveu ele, "sobre os quais podemos afirmar sem dúvidas razoáveis que a gravidade é, até onde sabemos ou temos razão para acreditar, uma lei universal da natureza."
A teoria das partículas ou "corpuscular" da luz havia sido proposta por Isaac Newton cerca de 80 anos antes. Ninguém havia conseguido demonstrá-la, mas ela permanecia a crença dominante na época de Michell.
Ele explica como o comportamento da luz sob a gravidade poderia oferecer uma forma de calcular a densidade das estrelas, ao menos de forma hipotética, especialmente se a estrela fosse "suficientemente grande para afetar sensivelmente a velocidade da luz emitida por ela".
Fonte: BBC News
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