Os cientistas
norte-americanos Saul Perlmutter, Adam Riess e Brian Schmidt receberam o Nobel
de física de 2011 por pesquisas que mostraram como a expansão do Universo está
acelerando. Os estudos se basearam na observação da luz de supernovas -
explosões que marcam o fim da vida de estrelas com muita massa.
O anúncio foi
feito nesta terça-feira (4) no Instituto Karolinska em Estocolmo, na Suécia. O
fato de que o Universo está se expandindo já era conhecido desde a década de
1920. O trio, no entanto, descobriu que essa expansão está acelerando – e não
desacelerando, como era anteriormente esperado.
O prêmio:
A
história da expansão do Cosmos começou com o trabalho de cientistas como Edwin
Hubble - que foi homenageado ao servir de nome para o telescópio. Eles
conseguiram mostrar, por meio de observações, que o Universo estava aumentando
de tamanho.
Para
crescer, o Universo precisa ter energia, que os astrônomos acreditavam vir
somente de objetos como nós, as árvores, os planetas e as estrelas. Mas se isso
fosse verdade, a gravidade desses materiais iria fazer o Universo ser
"brecado". Ainda iria crescer, mas não tão rápido.
Mas os
três cientistas escolhidos para receber o Nobel de física de 2011 mostraram,
por observações, que o crescimento do Universo não só existe como está sendo
acelerado a cada momento.
Expansão
acelerada:
Trabalhando
separadamente em dois grupos de pesquisa durante os anos 1990 – Perlmutter em
um e Schmidt e Riess em outro – os astrônomos traçaram o mapa da expansão do
universo por meio da análise de um tipo de supernovas, explosões ocorridas no
fim da vida de estrelas com muita.
A análise
dos dados colhidos a partir dessas explosões levou o trio a concluir que a
aceleração existe. Uma das explicações para esse crescimento é a existência da
energia e da matéria escura. Ambas são diferentes da matéria visível, a que nos
cerca no dia a dia.
Eles
descobriram que a luz emitida por mais de 50 supernovas distantes era mais
fraca que o esperado, um sinal de que o universo estava se expandindo a uma
taxa acelerada.
"Por
quase um século já se sabia que o universo está se expandindo por consequência
do Big Bang, há cerca de 14 bilhões de anos”, disse um dos membros do comitê
durante o anúncio do prêmio. "No entanto, a descoberta de que essa
expansão está se acelerando é espantosa. Se a expansão vai continuar a acelerar
o universo acabará em gelo". Acredita-se que a aceleração seja
impulsionada pela energia escura, um dos grandes mistérios do universo.
Os astrônomos
estimam que a energia escura – uma espécie de gravidade às avessas, repelindo a
matéria que dela se aproxima – responde por cerca de três quartos do universo. Segundo
os astrônomos, somente 4% do Universo deve ser feito de átomos como os que
estão nos humanos, nos animais e nas estrelas o restante é composto por matéria
escura (23%).
De acordo
com a academia sueca, os três pesquisadores foram pegos de surpresa pela descoberta.
Eles esperavam encontrar como resultado de seus estudos que a expansão do
universo estava desacelerando. Mas as duas equipes chegaram justamente à
conclusão de que as galáxias distantes estavam se afastando a uma velocidade
cada vez maior.
"Acabamos
contando ao mundo que temos esse resultado maluco, que o universo está se
acelerando", disse Schmidt em entrevista coletiva telefônica depois do
anúncio do prêmio em Estocolmo. "Parecia maluco demais para ser correto, e
acho que ficamos um pouco assustados."
Os
trabalhos do trio norte-americano ainda estão em pleno acordo com as previsões
feitas por Albert Einstein ao demonstrar a teoria da relatividade geral. Elas
poderão salvar, inclusive, uma parte da pesquisa do físico alemão que era tida
como um erro até mesmo pelo próprio Einstein: a constante cosmológica, um
recurso usado pelo cientista para tentar salvar a ideia.
Antes de
morrer, em 1955, Einstein reconheceu a constante cosmológica como um erro. Ele
também admitiu que o Universo, de fato, estava se expandindo.
Agora, em
2011, o Nobel reconhece três cientistas que podem usar a constante cosmológica
para provar o aumento do Universo. Diferente da ideia inicial de Einstein, mas
salvando um conceito que era tido como errado há mais de meio século.
Perlmutter, Schmidt e Adam
Riess
Perlmutter,
nascido em 1959 nos Estados Unidos, coordena o Projeto Cosmológico Supernova,
na Universidade de Berkeley.
Seu
colega Schmidt, nascido também nos Estados Unidos em 1967 e com nacionalidade
australiana, é professor da Universidade Nacional da Austrália.
O
terceiro premiado nascido em Washington, em 1969, é professor de astronomia e
física em Baltimore (EUA).
Veja a lista dos últimos premiados
pelo Nobel de Física:
-
2011: Saul Perlmutter e Adam Riess (Estados Unidos) e Brian Schmidt
(Austrália/Estados Unidos);
- 2010: Andre Geim (Países-Baixos), Konstantin Novoselov (Rússia/Grã-Bretanha);
- 2009: Charles Kao (Estados Unidos/Grã-Bretanha), Willard Boyle (Estados Unidos/Canadá), George Smith (Estados Unidos);
- 2008: Yoichiro Nambu (Estados Unidos), Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa (Japão);
- 2007: Albert Fert (França) e Peter Grünberg (Alemanha);
- 2006: John C. Mather (Estados Unidos) e George F. Smoot (Estados Unidos);
- 2005: Roy J. Glauber (Estados Unidos), John L. Hall (Estados Unidos) e Theodor W. Hänsch (Alemanha);
- 2004: David J. Gross, H. David Politzer e Frank Wilczek (Estados Unidos);
- 2003: Alexei A. Abrikosov (Rússia/Estados Unidos), Vitaly Ginzburg (Rússia) e Antony J. Leggett (Grã-Bretanha/Estados Unidos);
- 2002: Raymond Davis Jr (Estados Unidos), Masatoshi Koshiba (Japão), e Riccardo Giacconi (Estados Unidos).
- 2010: Andre Geim (Países-Baixos), Konstantin Novoselov (Rússia/Grã-Bretanha);
- 2009: Charles Kao (Estados Unidos/Grã-Bretanha), Willard Boyle (Estados Unidos/Canadá), George Smith (Estados Unidos);
- 2008: Yoichiro Nambu (Estados Unidos), Makoto Kobayashi e Toshihide Maskawa (Japão);
- 2007: Albert Fert (França) e Peter Grünberg (Alemanha);
- 2006: John C. Mather (Estados Unidos) e George F. Smoot (Estados Unidos);
- 2005: Roy J. Glauber (Estados Unidos), John L. Hall (Estados Unidos) e Theodor W. Hänsch (Alemanha);
- 2004: David J. Gross, H. David Politzer e Frank Wilczek (Estados Unidos);
- 2003: Alexei A. Abrikosov (Rússia/Estados Unidos), Vitaly Ginzburg (Rússia) e Antony J. Leggett (Grã-Bretanha/Estados Unidos);
- 2002: Raymond Davis Jr (Estados Unidos), Masatoshi Koshiba (Japão), e Riccardo Giacconi (Estados Unidos).
+ sobre Matéria e Energia escura
Nenhum comentário:
Postar um comentário