Além
dos cinco planetas-anões (ou plutóides) presentes no Cinturão de Kuiper, há
diversos outros corpos celestes que orbitam ao redor do Sol e situam-se
permanentemente ou em períodos (como Sedna) no Cinturão. Abaixo veremos em mais
detalhes quatro destes corpos, Sedna, Orcus, Quaoar e Varuna.
Os Principais objetos transnetunianos em comparação com a Terra.
Sedna, o mais distante
Sedna
foi observado pela primeira vez em, 14 de Novembro de 2003, pela equipe
liderada por M. Brown (Instituto Tecnológico da Califórnia, EUA), utilizando o
Telescópio Samuel Oschin (Caltech), no Observatório Palomar.
Os
astrónomos estimam que Sedna está a 13
mil milhões de quilómetros do Sol, ou seja, 90 UA (90 vezes a distância
Terra-Sol), o que faz deste planetoide o objeto mais distante no Sistema Solar
a ser detectado até hoje.
Outras
características distinguem este objeto: a sua grande dimensão (entre 1/2 e 3/4
do tamanho de Plutão); a sua cor vermelha, pois a seguir a Marte, é o objeto
mais vermelho do Sistema Solar; e a sua órbita extremamente elíptica.
A
equipe de investigadores responsável pela descoberta sugeriu à União
Astronómica Internacional que o planetoide 2003 VB12 fosse chamado oficialmente
Sedna, como a deusa do Oceano Ártico da mitologia Inuit (esquimó), devido às
suas temperaturas extremamente frias. O planetoide Sedna encontra-se muito
longe do Sol, numa região muito fria do Sistema Solar, onde a temperatura não
ultrapassa os –240°C.
Mas,
a maior parte do tempo, o planetoide encontra-se a temperaturas ainda mais
negativas, pois na sua órbita de 10500 anos à volta do Sol, ele chega a estar a
130 mil milhões de quilómetros do Sol, ou seja, a 900 UA!
Os
astrônomos não podem medir o diâmetro do planetoide diretamente, mas podem
estimá-lo indiretamente: como sabem a distância a que Sedna se encontra, sabem
a sua temperatura (cerca de –240°C); então, observando o planetoide com um
telescópio térmico, que mede o calor do objeto observado, podem inferir o seu
tamanho. As tentativas de observação de Sedna com o Telescópio Espacial Spitzer
(NASA) resultaram na ausência de detecção deste planetoide. Assim, os
investigadores concluem que Sedna tem menos de 1800 km de diâmetro, pois, se
fosse maior, o Spitzer teria detectado o seu calor.
Um
dos aspectos mais interessantes deste objeto é a sua órbita. Depois da
descoberta de Sedna, em Novembro de 2003, os investigadores pesquisaram os
arquivos de observações e conseguiram seguir Sedna até 2001. Na posse de
observações que abrangem um intervalo de tempo de 3 anos, os astrónomos já
conhecem razoavelmente bem a órbita deste planetoide e estimam que o seu periélio
é 76±7 UA. A determinação da órbita de Sedna veio mostrar que é pouco provável
que este planetoide seja um objeto da Cintura de Kuiper: a sua trajetória nunca
o leva a essa região. A Cintura de Kuiper termina abruptamente a 50 UA do Sol e
Sedna não se aproxima do Sol mais do que 76 UA. Mesmo os objetos da Cintura de
Kuiper que chegam a grandes distâncias do Sol, comparáveis à distância a que
Sedna alcança, têm periélios muito menores, a cerca de 35 UA.
A
órbita de Sedna é extremamente elíptica, muito mais do que qualquer outro
objeto do Sistema Solar, chegando a uma hipótese de que Sedna pertença à Nuvem
de Oort. O facto de Sedna se encontrar 10 vezes mais perto do Sol do que a
Nuvem de Oort (supostamente a meio caminho da estrela mais próxima do Sol) leva
a equipe de investigadores a especular sobre a existência de uma Nuvem de Oort
interior.
Orcus
Orcus foi observado pela primeira vez em 2004 e é
ligeiramente menor que Plutão.
Este planeta anão pode um dia chegar à mesma designação
UAI de Plutão, Makemake, Éris e Halmea um planeta anão plutoide.
Orcus e Plutão têm órbitas semelhantes, ambos possuem
quase o mesmo afélio e periélio, e as duas órbitas tem a forma de elipses, cada
elipse é inclinado em relação ao resto das elipses planetárias e tem quase o
mesmo ângulo.
Orcus é como um anti-Plutão, no entanto, os dois
objetos permanecem no Sistema Solar um de cada lado.
Órbitas de Plutão e Orcus. Podemos ver como são identicas, porém com inclinações diferentes.
Quaoar
Quaoar é um objecto transneptuniano
localizado no Cinturão de Kuiper, a cerca de 6,5 bilhões de quilômetros da
Terra.
O planetoide,
medindo cerca de 1250 quilômetros de diâmetro, tem mais da metade do diâmetro
do planeta anão Plutão e quase o mesmo tamanho de seu satélite, Caronte, que
tem 1270 quilômetros de diâmetro.
Sua órbita é
quase perfeitamente circular e está 1,6 bilhão de quilômetros além da órbita de
Plutão. Quaoar leva 288 anos para dar uma volta em torno do Sol e possui um
satélite conhecido, com diâmetro estimado em 100 quilômetros.
O nome é uma
referência ao deus da criação na mitologia Tong vá, um povo nativo
norte-americano.
Órbita de Quaoar
Varuna
Este
corpo celeste é o único dos quatro citados aqui que não é um planeta anão,
Varuna é classificado como um dos maiores meteoros do Cinturão de Kuiper .
Foi
descoberto por R. Macmillan, do projeto Spacewatch, em 28 de novembro de 2000
e, provisoriamente designado WR106 2000 antes de ser definitivamente nomeado
como Varuna, deus que arquitetou a criação da Terra na mitologia hindu.
Ela
se move em uma órbita quase circular com um semi-eixo maior de cerca de 43 UA,
semelhante ao de Quaoar , porém mais inclinado.
Dados
de Varuna:
- Diâmetro: 936 km;
- Densidade: ~ 1,0 g / cm 3 ;
- Temperatura de superfície: ~ 43 K;
- Periélio 40,92 UA;
- Afélio: 45,34 UA;
- Período orbital: 283,20 anos;
- Inclinação 17,2 °.
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