Cientistas estão usando o maior telescópio do mundo, enterrado no gelo
do Polo Sul, para tentar desvendar os mistérios das minúsculas partículas
chamadas neutrinos, que podem esclarecer como o universo se formou.
O aparelho, chamado IceCube (cubo de gelo em inglês), levou dez anos
para ser construído, a 2.400 metros abaixo da superfície do gelo antártico. Ele
mede um quilômetro cúbico e é maior que os edifícios Empire State (Nova York),
Willis Tower (ex-Sears Tower, Chicago) e World Financial Center (Xangai)
somados.
Supertelescópio detector de neutrino, na Antártica |
O telescópio serve para observar neutrinos, que são emitidos por
explosões estelares e se deslocam quase à velocidade da luz. Ele passou a
atrair mais atenções depois do anúncio, na semana passada, de uma partícula
subatômica que parece ser o bóson de Higgs - o "tijolo" básico do
universo.
"Você levanta o dedo e 100 bilhões de neutrinos passam por ele a
cada segundo vindos do Sol", disse a física Jenni Adams, da Universidade
de Canterbury (Nova Zelândia), que trabalha com o IceCube.
O telescópio é basicamente uma série de detectores de luz enterrados no
gelo. Quando os neutrinos, que estão em todo lugar, interagem com o gelo, eles
produzem partículas carregadas que são então capazes de gerar luz, a qual pode
ser detectada.
O gelo funciona como uma rede que isola os neutrinos, facilitando sua
observação. Ele também protege o telescópio contra radiações potencialmente
nocivas.
"Se uma supernova explodir na nossa galáxia agora, podemos detectar
centenas de neutrinos com o IceCube", disse Adams a jornalistas na
Conferência Internacional de Física de Alta Energia, em Melbourne. "Não
seremos capazes de vê-los individualmente, mas o detector inteiro irá se
acender como uma grande queima de fogos de artifício."
Os cientistas estão tentando monitorar as partículas para descobrir sua
origem, na esperança de que isso dê pistas sobre o que acontece no espaço,
especialmente em partes invisíveis do universo, conhecidas como matéria escura.
O módulo digital óptico do telescópio IceCube, instalado na Antártica para observar neutrinos, umas das partículas que ajudaram na formação do universo. |
Antes da conclusão do IceCube, em 2010, os cientistas haviam observado
apenas 14 neutrinos. Com o novo telescópio, que atua em conjunto com um
aparelho no Mediterrâneo, centenas de neutrinos já foram detectados.
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