Buracos
Negros, matéria escura, quasares, pulsares e blazares: o universo tem muito
mais elementos do que imaginamos e vários só foram descobertos recentemente.
Imagine
que fosse inventado um aspirador de pó capaz de engolir tudo ao seu redor –
tudo mesmo, da poeira do carpete até o próprio carpete, dos pelos do gato, em
seguida, a sala inteira, depois a casa, e assim por diante indefinidamente.
Esse eletrodoméstico, claro, não passa de uma ideia absurda. O fato, porém, é
que algo tão bizarro quanto o superaspirador pode existir em determinadas
regiões do universo. É o que os cientistas chamam de buraco negro. Esse objeto
previsto pela astronomia seria uma espécie de ralo cósmico, do qual nem mesmo a
luz é capaz de escapar. O buraco negro é, na verdade, um corpo estelar
extremamente denso, cujo campo gravitacional é tão poderoso que nada próximo a
ele pode fugir à sua força de atração.
Teoria dos buracos negros
A
teoria que supõe a existência de buracos negros surgiu no início do século XX,
mas o termo já havia sido empregado em 1783 pelo astrônomo inglês John Michell
(1724 – 1793). Indícios mais fortes de sua existência surgiram a partir da
década de 1970, com o aperfeiçoamento dos instrumentos de pesquisa e
observação. Em 1994, com o auxílio do telescópio espacial Hubble, os astrônomos
detectaram um composto de material gasoso na galáxia M87. A velocidade de
rotação dos gases indicava a presença de um objeto cuja massa era 2,5 bilhões a
3,5 bilhões de vezes maior do que a do Sol -
o que sugeria a existência de um buraco negro.
Atualmente,
acredita-se que as grandes galáxias - até mesmo a Via Láctea - possam ter
buracos negros. Alguns deles teriam se formado durante o curso da evolução
estelar, provavelmente a partir de gigantescas nuvens de gás. Outros teriam
nascido depois da formação das galáxias, como resultado do colapso de estrelas.
Atração fatal
Buraco Negro absorvendo uma estrela com sua gigantesca gravidade |
Não
é possível enxergar um buraco negro. Como esse objeto atrai tudo o que passa
próximo dele, nem a luz consegue escapar de sua impressionante força de
atração. Assim, a única forma de detectar sua presença é pela observação do
movimento de estrelas vizinhas. Como a gravidade do buraco negro é muito
poderosa, os gases de estrelas próximas são sugados. Esses gases, então, formam
uma longa espiral, que ganha velocidade a medida que se aproxima do centro do
buraco - é o chamada disco de acreção.
Em
zonas muito próximas ao buraco negro ocorre emissão de raios X. A fricção
gerada aquece o gás até o ponto de brilhar com intensidade. Como o disco de
acreção alimenta-se de gases girando a velocidades muito altas, brilha
intensamente na região mais próxima do núcleo. As régios mais quentes podem
atingir 100 milhões de graus centígrados. Em sua borda, o disco é frio e
escuro. Nessas zonas há emissão de raios X. Um buraco negro pode ter a mesma
massa de milhões ou milhares de milhões de sóis.
O
horizonte de eventos marca o limite do buraco negro. Um objeto que atravesse o
horizonte de eventos seguirá uma trajetória espiral em direção ao poço
gravitacional. Alguns cientistas acreditam na existência dos buracos de minhoca
(wormholes, em inglês), que seriam ‘’túneis’’ pelos quais se poderia viajar
pelo universo. Aproveitando a curvatura do espaço, seria possível, em tese,
viajar a outros pontos do cosmos.
Quasares
Todo quasar apresenta um
buraco negro super massivo em seu centro |
Os
quasares estão entre os mais brilhantes objetos do universo. Descobertos em
1961, eles parecem, à primeira vista, estrelas azuladas, tão intensa é a sua
luz – alguns podem brilhar até 1 trilhão de vezes mais do que o Sol. A sua
incrível luminosidade decorre do fato de serem grandes fontes de rádio. Por
isso, a descoberta foi batizada de ‘’quase Stellar Radio Sources’’, que,
depois, deu origem à palavra quasar. Ainda não há consenso sobre o que seria um
quasar. Uma suposição é de que ele seria composto de galáxias com buracos
negros muito ativos em seu centro. Este atrairia as estrelas e os gases
próximos, emitindo intensa radiação como resultado desse processo.
Pulsares e Blazares
Reprodução de um Pulsar |
Há
outros objetos no espaço que emitem ondas de rádio. Um deles, o pulsar, emite
pulsos regulares dessas ondas, além de radiação e raios X. A descoberta foi
feita por Jocelyn Bell, uma estudante de doutorado inglesa que, em 1967,
observou uma estrela que pulsava exatamente a cada 1,3 segundo. A regularidade
dos pulsos fez com que a astrônoma pensasse que podiam ser sinais de vida
extraterrestre. Na verdade, o pulsar seria uma pequena estrela - com menos de 20 quilômetros de diâmetro –
formada por nêutrons e que gira de forma regular, e com gigantesca velocidade,
em torno de seu próprio eixo.
Os
blazares, conhecidos como objetos BL Lancertae - nome do cientista que o identificou, em 1929,
o primeiro deles - , também são fontes de rádio. Além disso eles apresentam
outras características: variam em curtos períodos de tempo, têm luz polarizada
e espectro sem linhas de emissão ou absorção. Acredita-se que, como os
quasares, os blazares obtenham sua energia de gás sugado de um buraco negro
central, que libera grandes cargas de radiação.
Matéria escura
A
partir da década de 1930, com a observação mais apurada das galáxias, um outro
mistério começou a instigar o universo da astronomia: depois de contabilizar
todas as estrelas e galáxias conhecidas, os astrônomos perceberam que a
somatória delas não chegava a 5% da massa total que deviria existir no cosmos.
Isso porque há fenômenos, como a rotação das galáxias, que existem muito mais
gravidade do que realmente existe. Essa matéria que faltaria para cobrir os
‘’vazios’’ do universo - e que ainda não
foi identificada – seria a chamada matéria escura.
Atualmente,
parte dos cientistas acredita que a matéria escura seria composta por
partículas infinitamente pequenas denominadas neutralinos, que teriam altos
índices de concentração de massa. Os neutralinos seriam a resposta para preencher
a massa total do universo. Outro grupo de cientistas, porém, sustenta que a
matéria escura não existe e que fenômenos ainda não compreendidos poderiam ser
explicados pela própria ação da força gravitacional.
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Fonte: Atlas do Universo
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