Muitos
cientistas acreditam que a água que veio parar na Terra foi formada nos confins
do Sistema Solar, além de Netuno. Contudo, um estudo divulgado na
quinta-feira (12/07) já publicado na Science indica que a substância veio de um
região muito mais próxima - o Cinturão de Asteroides (entre Marte e Júpiter) -
através de meteoritos e asteroides, o que contradiz algumas das principais
teorias sobre a evolução do Sistema Solar.
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Cinturão de asteroides, situado entre Marte e Júpiter
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Pesquisadores afirmam que nosso planeta era quente demais nos seus primórdios para ter água
(temperatura seria tão alta que as moléculas teriam sido "expulsas para o
espaço") e, portanto, a substância deve ter vindo de fora. Uma das
hipóteses afirma que ela se formou na região transneptuniana (que fica além de
Netuno, o último planeta conhecido do sistema) e depois se moveu para mais
perto do Sol, junto com cometas, meteoritos e asteroides. Contudo, é possível
saber a distância em que as moléculas de água se formaram em relação ao Sol ao
analisar os isótopos de hidrogênio presentes. Quanto mais longe da estrela,
haverá menos radiação e, portanto, mais deutério (o átomo de hidrogênio
"pesado", que tem um próton, um nêutron e um elétron, ao contrário do
mais comum, que tem apenas um próton e um elétron).
O
novo estudo comparou a presença de deutério no gelo trazido por condritos (um
tipo de meteorito) e indicou que ela foi formada muito mais próxima de nós, no
Cinturão de Asteroides (esses meteoritos não contêm mais água, mas a substância
fica registrada através de um tipo de mineral chamado de silicato hidratado, e
é o hidrogênio presente nele que é investigado). Além disso, comparando com os
isótopos de cometas, a pesquisa indica que esses corpos se formaram em regiões
diferentes dos asteroides e meteoritos e, portanto, não atuaram na origem da
água no nosso planeta.
"Dois
modelos dinâmicos têm os cometas e os meteoritos condritos se formando na mesma
região, e alguns destes objetos devem ter sido injetados na região em que a
Terra se formava. Contudo, a composição da água de cometa é inconsistente com
nossos dados de meteoritos condritos. O que realmente deixa apenas os
asteroides como fonte da água na Terra", diz ao Terra Conel Alexander, do Instituto
Carnegie, líder do estudo.
Debate
reaquecido
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Nuvem de Oort, local de grande concentração de cometas no Sistema Solar |
Em
2011, a hipótese de que os cometas tiveram pouca importância na origem da água
na Terra já estava com pouca força. Mas um estudo divulgado na revista Nature usou o telescópio Herschel, da Agência
Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), para descobrir que a composição do
cometa Hartley 2 tem uma quantidade de deutérios similar à encontrada no
oceano. Foi o primeiro cometa com essa composição, já que outros seis
analisados anteriormente tinham uma quantidade de deutério muito diferente dos
mares da Terra.
Contudo,
o novo estudo também refuta essa possibilidade. Segundo os pesquisadores, o
cometa não traz apenas água, mas também outras substâncias (inclusive
orgânicas) que contêm hidrogênio. E a quantidade de deutério presente nos
cometas ainda fica acima daquela observada no nosso planeta, o que impede que
esses corpos sejam considerados como uma importante fonte de água.
"A
recente medição do cometa Hartley 2 tem uma composição isotópica de hidrogênio
parecida com a da Terra, mas nós argumentamos que todo o cometa, incluindo a
matéria orgânica, é provavelmente rica demais em deutério para ser uma fonte da
água da Terra", diz Alexander.
Sobram
duas possíveis fontes, que devem ter atuado juntas: rochas do Cinturão de
Asteroides e gases (hidrogênio e o oxigênio) que existiam na nebulosa na qual o
Sistema Solar se formou. O estudo foi conduzido por pesquisadores do Instituto
Carnegie (EUA), Universidade da Cidade de Nova York, Museu de História Natural
de Londres e da Universidade de Alberta, no Canadá.
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Nossa água provavelmente se formou nos primórdios do Sistema Solar |