O planeta errante não orbita em torno de uma
estrela e, por isso, não tem luz para refletir; o fraco brilho que ele emite
pode ser detectado apenas no infravermelho. O objeto parece azulado nesta
imagem infravermelha porque grande parte da radiação nos maiores comprimentos
de onda infravermelhos é absorvida por metano e outras moléculas existentes na
atmosfera do planeta. No visível, o objeto é tão frio que apenas brilharia
muito pouco com uma cor vermelha escura, quando visto de perto.
Planeta solitário
Astrônomos identificaram um corpo celeste que
é, muito provavelmente, um planeta vagando solitário pelo espaço, não girando
em torno de uma estrela hospedeira.
Este é, até agora, o melhor candidato a
planeta errante e o mais próximo do Sistema Solar, a uma distância de cerca de
100 anos-luz.
A sua relativa proximidade, juntamente com a
ausência de estrela brilhante muito próxima, permitiram à equipe de astrônomos
estudar a sua atmosfera em detalhes.
Este objeto deu também aos astrônomos uma
ideia do tipo de exoplanetas que futuros instrumentos poderão observar em torno
de estrelas diferentes do Sol.
Planetas órfãos
Os planetas errantes são objetos com massas
típicas de planetas, que vagam no espaço sem ligação com nenhuma estrela.
Planetas são a regra e não a exceção na Via láctea |
Possíveis exemplos de planetas sem estrelas já
foram encontrados anteriormente, mas sem o conhecimento das suas idades, não
foi possível saber se eram realmente planetas ou anãs marrons - estrelas
"fracassadas" que não conseguem ter tamanho suficiente para dar
início às reações termonucleares que fazem brilhar as estrelas.
Estes objetos começaram a ser conhecidos na
década de 1990, quando astrônomos descobriram que é difícil determinar o ponto
a partir do qual uma anã marrom passa para a faixa das massas planetárias.
Estudos mais recentes sugeriram que pode haver
uma quantidade enorme destes corpos pequenos na nossa galáxia, com uma
população quase duas vezes maior que as estrelas.
Associação de estrelas
Agora, os astrônomos descobriram um objeto,
chamado CFBDSIR2149, que parece fazer parte de um grupo de estrelas próximas
conhecido como Associação estelar AB Doradus.
VLT do ESO, um dos telescópio utilizado para detectar o planeta errante. |
Os pesquisadores encontraram o objeto em
observações feitas com o Telescópio Canadá-França-Hawaii e utilizaram em
seguida o Very Large Telescope (VLT) do ESO para examinar as suas propriedades.
As imagens obtidas em épocas diferentes
permitiram medir o movimento próprio do objeto no céu e compará-lo ao dos
membros da associação AB Doradus.
A associação AB Doradus é o grupo estelar
deste gênero mais próximo do Sistema Solar. As estrelas que o compõem
deslocam-se em conjunto no espaço e acredita-se que se tenham formado todas ao
mesmo tempo.
Existe uma pequena probabilidade de que a sua
ligação ao grupo seja fortuita. Mas ele estiver mesmo associado a este grupo -
sendo, neste caso, um objeto jovem - será possível deduzir muito mais sobre as
suas características, incluindo a temperatura, massa e composição da atmosfera.
Planeta sem estrela
Esta é a primeira vez que um objeto errante de
massa planetária é identificado como fazendo parte de um grupo estelar em
movimento, e a sua ligação ao grupo torna-o o candidato a planeta errante mais
interessante a ser identificado até agora.
A ligação entre este novo planeta errante e o
grupo estelar é uma pista vital, que permitirá aos astrônomos calcular a idade
do objeto recém-descoberto.
Na imagem CFBDSIR2149 não passa de um tênue ponto azul. |
A análise estatística do movimento próprio do
objeto - a variação da sua posição angular no céu a cada ano - mostra uma
probabilidade de 87% do objeto estar ligado à associação AB Doradus, e mais de
95% de probabilidade de ser suficientemente jovem para ter uma massa
planetária, tornando-o assim muito mais provável em ser um planeta errante do
que uma pequena estrela "fracassada". Na imagem
A ligação ao grupo estelar AB Doradus poderá
apontar para uma massa do planeta de aproximadamente 4 a 7 vezes a massa de
Júpiter, com uma temperatura efetiva de cerca de 430 graus Celsius. A idade do
planeta seria a mesma que a do próprio grupo - 50 a 120 milhões de anos.
"Procurar planetas em torno de estrelas é
semelhante a estudar um vagalume que se encontra a um centímetro de um farol
potente de automóvel distante," diz Philippe Delorme, autor principal do
novo estudo.
"Este objeto errante próximo oferece-nos
a oportunidade de estudar o vagalume em detalhes, sem que as luzes brilhantes
dos faróis do automóvel estraguem tudo."
Formação dos planetas errantes
Acredita-se que os planetas errantes, como o
CFBDSIR2149, formam-se ou como planetas normais que foram ejetados dos seus
sistemas planetários, ou como objetos solitários, tais como estrelas muito
pequenas ou anãs marrons.
Em ambos os casos, estes objetos são bastante
intrigantes - ou como planetas sem estrelas ou como os menores objetos
possíveis, num intervalo que vai desde as estrelas de maior massa às leves anãs
marrons.
Representação de uma anã-marrom |
"Estes objetos são importantes, já que
nos podem ajudar a compreender melhor como é que os planetas são ejetados dos
sistemas planetários ou como é que objetos muito leves podem resultar do
processo de formação estelar," diz Philippe Delorme. "Se este pequeno
objeto for um planeta ejetado do seu sistema nativo, ele nos dá a imagem de
mundos órfãos, perambulando no vazio do espaço."
Estes mundos podem ser comuns - talvez tão
numerosos como as estrelas normais.
Se o CFBDSIR2149 não estiver relacionado à
Associação AB Doradus, será mais complicado conhecer a sua natureza e
propriedades, e poderá ser caracterizado como uma anã marrom. Ambos os cenários
representam questões importantes sobre como planetas e estrelas se formam e
comportam.
Fonte: Inovação Tecnológica
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