Alguns cientistas acreditaram que o clarão era uma explosão de raios gama de uma estrela em colapso, porém a queima de um evento como este dura normalmente apenas poucas horas. Ao invés de desaparecer, a explosão cósmica continuou a queimar e a emitir radiações de alta energia por dois meses e meio.
Duas equipes concluíram que uma estrela do tamanho do Sol foi sugada por um buraco negro gigante do mesmo jeito que uma mosca não consegue escapar de um sapo.
Assim que o buraco negro abocanhou a estrela, um feixe de energia foi jorrado em direção a Terra e isto pode ter sido registrado pelos telescópios. O banquete estelar ocorreu em uma galáxia a 3,8 bilhões de anos luz. Um ano luz corresponde a cerca de 9,66 trilhões de quilômetros.
“Isto foi totalmente diferente de qualquer coisa vista”, disse Joshua Bloom, astrônomo da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que liderou uma das equipes do estudo publicado no periódico científico Science. Bloom classificou o evento como algo extremamente raro.
"Isso acontece porque o buraco negro rasga a estrela, sua massa gira em espiral e este processo libera muitíssima energia", explicou o cientista.
Cerca de 10% da massa dessa estrela se transformou em energia irradiada, como raios X e gama, que podiam ser vistos na Terra, uma vez que o feixe de luz apontava para a Via Láctea, segundo o estudo.
Ao repassar o histórico de explosões na Constelação de Draco, onde foi observado o fenômeno, os cientistas determinaram que o acontecimento foi "excepcional", já que não encontraram indícios de outras emissões de raios X ou gama.
Buracos negros são como roda moinhos, núcleos super densos das galáxias que consomem tudo por perto em pouco tempo. Como eles crescem permanece um mistério. Cientistas acreditam que a observação do clarão pode ajudar na melhor compreensão de como as galáxias se formam.
Em repouso
O mais fascinante, segundo Bloom, é que o fenômeno começou em um buraco negro em repouso, que não estava atraindo matéria. "Isto poderia acontecer em nossa própria galáxia, onde há um buraco negro que vive em quietude e que fervilha ocasionalmente, quando absorve um pouco de gás", garantiu. No entanto, Bloom ressaltou que seria uma surpresa ver outro fenômeno similar no céu na próxima década.
“Não é o tipo de coisa pela qual se deva perder o sono”, disse o pesquisador Andrew Levan da Universidade de Warwinck, na Inglaterra, e que liderou a outra equipe de estudo.
A explosão é algo "nunca visto" até agora na longitude de onda dos raios gama, por isso o mais provável é que só aconteça "uma vez a cada 100 milhões de anos, em qualquer galáxia", calculou o cientista.
O estudo estima que as emissões de raios gama, que começaram entre os dias 24 e 25 de março em uma galáxia não identificada a cerca de 3,8 milhões de anos luz, vão se dissipar ao longo do ano.
"Acreditamos que o fenômeno foi detectado em seu momento de maior brilho, e se realmente for uma estrela destruída por um buraco negro, podemos dizer que nunca voltará a ocorrer nessa galáxia", concluiu Bloom.
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