O Observatório Europeu do Sul (ESO) divulgou nesta quarta-feira,
21 de março, a maior imagem de campo profundo do céu obtida com o telescópio
VISTA, que revela mais de 200 mil galáxias. Esta é apenas parte de uma enorme
coleção de imagens completamente processadas de todos os rastreios do
telescópio, que foram colocadas à disposição de todos os astrônomos do mundo
pelo ESO. O UltraVISTA é um baú do tesouro que está sendo utilizado no âmbito
do estudo de galáxias distantes no Universo primordial, assim como em muitos
outros projetos científicos.
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Dê zoom na imagem e perceba a infinidade de galáxias que posem ser avistadas. |
O telescópio foi apontado repetidamente à mesma região
do céu para que acumulasse lentamente a radiação muito fraca emitida pelas
galáxias mais distantes. Para criar esta imagem foram combinadas um total de
mais de seis mil exposições separadas, correspondentes a um tempo de exposição
efetivo total de 55 horas, obtidas através de cinco filtros de cores
diferentes. Esta imagem do rastreio UltraVISTA é a mais profunda já obtida no
infravermelho para uma região do céu deste tamanho.
O telescópio está instalado no Observatório do Paranal
do ESO, no Chile, é o maior e mais poderoso telescópio infravermelho de
rastreio que existe atualmente. Desde que começou as operações em 2009 a maior
parte do seu tempo de observação tem sido dedicado a rastreio públicos, alguns
cobrindo grandes zonas do céu austral e outros focando-se em áreas menores.
O rastreio tem-se dedicado ao campo COSMOS, uma região
do céu aparentemente quase vazia, que já foi extensamente estudada com o
auxílio de outros telescópios, incluindo o Telescópio Espacial Hubble da
NASA/ESA. O UltraVISTA é o mais profundo dos seis rastreios VISTA, revelando
por isso os objetos mais tênues.
Os dados - num total de mais de 6 terabytes de imagens
- estão sendo processados em centros de dados no Reino Unido, e no caso
particular do UltraVISTA na França, e começam agora a regressar ao arquivo
científico do ESO, onde são colocados à disposição dos astrônomos do mundo
inteiro.
À primeira vista, a imagem parece banal, apresentando
algumas estrelas brilhantes e um salpicado de outras mais tênues. No entanto,
quase todos os objetos mais tênues não são estrelas da Via Láctea, mas sim
galáxias muito remotas, cada uma contendo bilhões de estrelas.
Aumentando a imagem para o modo tela cheia e fazendo
um zoom, podemos observar cada vez mais objetos, sendo que a imagem apresenta
mais de 200 mil galáxias no total. A expansão do Universo desloca a radiação
emitida por objetos distantes na direção dos grandes comprimentos de onda, o
que significa que para a radiação estelar emitida pelas galáxias mais distantes
que conseguimos observar, uma grande parte desta radiação, quando chega à
Terra, se encontra na região infravermelha do espectro.
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Telescópio Vista, situado no Chile. |
Como telescópio infravermelho altamente sensível que é
e possuindo um campo de visão muito grande, o VISTA está particularmente bem
equipado para descobrir estas galáxias distantes do Universo primordial. Ao
estudar galáxias com a radiação deslocada para o vermelho, a distâncias
sucessivamente maiores, os astrônomos podem igualmente estudar como é que as
galáxias se formam e evoluem ao longo da história do cosmos.
Uma inspeção detalhada da imagem revela dezenas de
milhares de objetos avermelhados anteriormente desconhecidos espalhados no meio
das mais numerosas galáxias de cor creme. São essencialmente galáxias muito
remotas que estamos a observar quando o Universo tinha apenas uma pequena
fração da sua idade atual.
Estudos anteriores das imagens do UltraVISTA,
combinadas com imagens de outros telescópios, revelaram a presença de muitas
galáxias que são observadas quando o Universo tinha menos de um bilhão de anos
e algumas são observadas em épocas ainda mais remotas.
Embora esta imagem já seja a imagem infravermelha
deste tamanho mais profunda que existe, as observações continuam. O resultado
final, daqui a alguns anos, será uma imagem significativamente mais profunda.
Os rastreios são indispensáveis aos astrônomos e por
isso o ESO organizou um programa 4 que permitirá que a vasta herança de dados,
tanto do VISTA como do seu companheiro na radiação visível, o VLT Survey
Telescope (VST, eso1119), esteja à disposição dos astrônomos durante as
próximas décadas.