O Governo
da China confirmou nesta quinta-feira (29) que em menos de cinco anos levará
pela primeira vez um veículo não-tripulado à superfície da Lua. Seria o
primeiro passo para que, mais adiante, seus astronautas pisem o satélite e o
país siga os passos dos Estados Unidos e da Rússia no caminho para ser tornar
uma nova superpotência espacial.
O
objetivo foi fixado no "Livro Branco sobre as Atividades Espaciais de
2011", um documento do Executivo chinês apresentado nesta quinta. No
texto, o Governo estabelece outras metas da corrida espacial chinesa durante o
Plano Quinquenal do período 2011-2015.
Dessa
forma, indica que o programa lunar será centrado em desenvolver com sucesso uma
tecnologia que mais tarde permita levar astronautas ao satélite. A China já
conseguiu que dois de seus satélites ('Chang'e' 1 e 2) chegassem até a órbita
lunar, em 2007 e 2010. Essas sondas, no entanto, só recolheram informações
fotográficas do satélite e estavam programadas para retornar à Terra em
seguida.
Não há
data fixa para a chegada do satélite terrestre dos primeiros 'taikonautas' (apelido
dado aos astronautas chineses, já que espaço em mandarim é
"taikong"). Levando em conta que a China parece dividir este programa
em fases de cinco anos, este fato histórico poderia ocorrer entre 2020 e 2025,
meio século depois dos Estados Unidos, o primeiro país a alcançar essa façanha.
No mesmo
anúncio, a China garantiu que aumentará o controle do lixo espacial e dos
sistemas de alarme quando esses fragmentos caírem na superfície terrestre.
Uso
militar?
Também
nesta semana, o país iniciou o funcionamento do sistema Beidou
("bússola", em mandarim), seu sistema de posicionamento alternativo
ao GPS americano. A China já lançou 10 satélites Beidou e planeja lançar outros
seis até o fim do ano que vem, de acordo com o Escritório Chinês de
Gerenciamento de Navegação de Satélites.
Diferentemente
das versões civis menos precisas disponíveis ao Exército de Libertação do Povo
(ELP, o exército chinês), essa rede dará à China a precisão para guiar mísseis,
munições inteligentes e outras armas.
"Isso
permitirá um grande salto na capacidade do ELP de realizar ataques de
precisão", disse Andrei Chang, analista das forças militares chinesas e
editor da revista Kanwa Asian Defence, de Hong Kong.
O
porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país asiático, Hong Lei,
quis nesta quinta-feira responder a esses temores, assegurando em entrevista
coletiva que a China "sempre ressalta que seu objetivo é fazer uso
pacífico do espaço, e procura cooperar internacionalmente neste campo".
Em que
ponto está a China!?
O
Conselho de Estado insiste no documento que a prospecção espacial "é uma
importante parte da estratégia geral de desenvolvimento da nação" para
meia década 2011-2015, no qual a China procura seguir ascendendo em seu caminho
a ser um país desenvolvido, com a inovação tecnológica como prioridade.
China
lançou seu primeiro astronauta ao espaço em 2003 e desde então alcançou outros
objetivos, como o primeiro 'passeio' de um de seus cosmonautas fora da nave
(2008) e o primeiro acoplamento de dois veículos (no mês passado), passo-chave
para sua futura estação espacial permanente.
Para os especialistas, a China ainda está em uma
fase muito preliminar no que diz respeito às tecnologias espaciais, comparável
aos EUA e a extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) nos anos
60, mas avança de forma mais rápida do que fizeram na época as duas
superpotências da Guerra Fria em sua corrida espacial.
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