Ele pode
não ser Tatooine, o planeta de dois sois que é lar do personagem Luke Skywalker,
da série de cinema Star Wars, mas o Kepler-16 mexeu com os ânimos e imaginações
dos astrônomos. Pela primeira vez foi possível captar informações concretas a
respeito de um planeta desse tipo, com base em dados do telescópio espacial
Kepler, da Nasa. "O Kepler-16 é a primeira detecção definitiva de um
sistema planetário circumbinário (no qual um planeta orbita duas estrelas)”,
afirmou Laurance Doyle, principal autor do artigo publicado nesta quinta-feira
(15) pelo periódico científico Science que trabalha no Instituto SETI, mais
conhecido por sua busca de vida fora da Terra, porém uma parte do trabalho é
justamente achar a frequência de planetas no universo e depois checar quais são
semelhantes à Terra e potencialmente habitáveis.
“A força gravitacional
nas estrelas, medido pelas mudanças dos seus tempos de eclipse, foi um bom
indicador da massa do terceiro corpo. Apenas um puxão gravitacional
muito pequeno foi detectado, que só poderia ser causado por uma pequena massa”,
disse Laurance. Os resultados serão
descritos em um novo artigo publicado sexta-feira, 16 de setembro, na revista
Science.
No
trabalho, os pesquisadores conseguiram descobrir várias característica do
planeta e suas estrelas, que estão a 220 anos-luz do Sol, na constelação do
Cisne. Um dos sóis possui 20% da massa e tamanho do nosso Sol, enquanto outro
tem cerca de 69%. Já a massa do planeta corresponde a 105 vezes a da Terra, ou
um terço da de Júpiter. Seu tamanho é próximo do de Saturno. O ano do Kepler-16
(o tempo que ele demora para dar a volta em torno de suas estrelas) é de 229
dias, enquanto
seus sois têm órbitas de 22 dias,
contudo não há possibilidade de haver vida no planeta, pois ele está fora da
zona habitável do sistema, onde pode existir água líquida na superfície, porque
as estrelas são mais frias que o nosso sol.
Segundo
os cientistas é muito provável que o planeta tenha se formado a partir do mesmo
disco de poeira e gás que originou as duas estrelas.
A
expectativa é encontrar outros sistemas semelhantes. "Sabemos agora como
fazer isso. O processo que utilizamos para encontrar o Kepler-16 pode ser usado
para achar outros sistemas. A Kepler atualmente está observando cerca de dois
mil desses sistemas então esperamos ser capazes de encontrar mais deles",
explicou Doyle.
Com novos
desses sistemas em mãos, o próximo passo será analisar a prevalência e
frequência deles. "E finalmente, esperamos, encontrar um planeta do
tamanho da Terra com dois sóis que esteja na zona habitável e medir como ele
pode se adaptar a uma eventual colonização humana. Isso também será muito
desafiador", afirmou Doyle.
Vídeo mostra órbita do planeta descoberto, além de demonstra como funciona o Telescópio Kepler.
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