Nas próximas
horas - provavelmente por volta de 17h05min de sexta -, quase seis toneladas de
lixo espacial norte-americano cairão em algum lugar da Terra. O local exato
ainda não pôde ser definido pela Nasa, que monitora a trajetória do Satélite de
Pesquisa da Alta Atmosfera (UARS, na sigla em inglês), inativo desde 2005. De
qualquer maneira, o caso reascende a discussão sobre a quantidade de material
enviado pelo homem espalhado na órbita terrestre. Para alguns especialistas,
chegamos a um "ponto crítico", havendo necessidade de se realizar uma
limpeza no espaço.
O que ocorre,
conforme explica a pesquisadora Thais Russomano, coordenadora do Centro de
Microgravidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), é que os equipamentos espaciais, como os satélites, têm um tempo de
vida útil, sendo desativados após as missões. "Isso pode afetar a
velocidade com a qual um satélite orbita a Terra e, se a velocidade diminui
muito, a força gravitacional terrestre puxa-o em direção ao planeta".
É o caso do
Satélite de Pesquisa da Alta Atmosfera, transportado pela nave Discovery em
1991. Ele foi projetado para medir as mudanças atmosféricas e os efeitos da
poluição no planeta. Contudo, concluiu a missão em 2005 e, desde então,
tornou-se lixo espacial - com o peso de um ônibus.
Apesar de
parecer inusitado, muitos objetos que circundam a Terra caem sobre o nosso
planeta diariamente. O que não cai, fica vagando pelo espaço, já repleto de
telescópios, satélites e demais máquinas produzidas pelo homem e que não têm
mais funcionalidade.
Que tal explodir tudo lá em
cima?
A ideia de
explodir os artefatos no espaço, ao contrário do que muitos imaginam, não
resolve o problema. Pelo contrário. "Explodir (os satélites, por exemplo)
pode agravar o problema de se criar mais lixo espacial, pois vários componentes
- grandes e pequenos -, bem como a poeira originada na explosão, ficariam
orbitando o planeta", avalia a pesquisadora.
Thais diz que já
existem planos de que as agências espaciais, responsáveis por terem colocado os
satélites (ou outros objetos) em órbita, ou mesmo tenham produzido lixo cósmico
de outras formas, comecem um processo de limpeza. No entanto, o custo desta
faxina é muito alto e o assunto ainda está em discussão. "O que já ficou
claro é que quem polui tem que limpar", afirma.
O UARS pode cair em cima de
alguém?
O local preciso
onde o satélite americano cairá não foi divulgado pela Nasa. A princípio, pode
ser em qualquer lugar, mas especialistas russos acreditam que o satélite
acertará o mar de Papua Nova Guiné por volta das 17h05min (horário de Brasília)
desta sexta-feira. De qualquer maneira, Thais diz que a probabilidade de o
objeto acertar alguém é rara.
"O maior
risco é cair sobre uma zona habitada, onde poderá haver dano material ou até
mesmo atingir uma ou mais pessoas. Mas como a Terra tem mais água do que terra,
e a terra não é toda habitada, a chance fica muito pequena", calcula.
Os cientistas da
Nasa estimam que o satélite vá se despedaçar ao entrar na atmosfera. Segundo
eles, desde o início da era espacial não se confirmou nenhum caso de pessoa
ferida por um objeto espacial durante o retorno ao planeta.
Provável local onde o UARS cairá.