O universo é vasto, movimentado e não para de surpreender. A última descoberta foi sobre Haumea, um dos corpos mais exóticos do Sistema Solar, que acaba de ganhar mais uma surpreendente característica: é o primeiro planeta anão a ter anel detectado em seu entorno. A descoberta, objeto de artigo publicado em outubro na revista Nature, foi realizada por equipe liderada pelo espanhol Jose Luis Ortiz, do Instituto de Astrofísica de Andalucía, e contou com a participação de brasileiros, incluindo os astrônomos Gustavo Benedetti Rossi, do programa de Apoio ao Pós-Doutorado, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e Roberto Vieira Martins, Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ. Ambos são do Observatório Nacional (ON) e filiados ao Laboratório Interinstitucional de e-Astronomia (LIneA). "O apoio da FAPERJ tem sido importante para manter o funcionamento do grupo de ocultações estelares por objetos transnetunianos que lidero, tanto para permitir nossos deslocamentos para observação de ocultações estelares, como para aquisição e expansão de computadores para previsão dos eventos e redução de dados e ainda para participação em importantes reuniões nacionais e internacionais", diz Martins.
Além do anel recém-descoberto, o estudo ainda define algumas das peculiares características do Haumea, como seu formato alongado. “Apesar de ter dimensões comparáveis às de Plutão, ele se assemelha a uma bola de rúgbi, o que pode ser consequência de sua rotação, uma das mais rápidas da região transnetuniana, levando apenas 3,9 horas para dar uma volta em torno de seu eixo. O planeta anão possui ainda dois satélites, Hi’iaka e Namaka, e, provavelmente, uma enorme mancha vermelha em sua superfície. Como se não bastasse, ele é o maior membro da única família colisional – grupo de objetos com características físicas e orbitais similares e que se formaram a partir de um impacto – conhecida de objetos da região transnetuniana” diz Martins.